MARÍLIA, SP – O jardineiro Danilo Barbosa, que foi picado por uma cascavel e levou a cobra viva até o Hospital das Clínicas, em Marília (SP), para ser atendido, falou sobre a atitude que teve. A cena inusitada chamou a atenção de todos no hospital.
“O pessoal ficou com medo e perguntou se a cobra estava morta. Eu falei: ‘Não tá morta não, se quiserem que eu solte ela aqui no chão tudo bem'”, lembra. “Eu já fui picado antes e sabia que tinha que levar a cobra para ajudar na identificação e tomar o soro certo, mas não quis matar a cobra. Gosto dos animais soltos, então peguei ela pela cabeça e fiquei segurando”, conta.
Ele foi picado na perna enquanto trabalhava no jardim de um condomínio em Vera Cruz (SP), na terça-feira (3), e recebeu alta nesta quarta (4).
Os bombeiros foram acionados e fizeram o resgate da cascavel para fazer a soltura em um local seguro.

Como a roupa dele precisou ser rasgada para que fosse feito o atendimento, o jardineiro foi embora com a roupa do hospital mesmo após ter alta.
Apesar da coragem, a atitude do Danilo não é recomendada pelos bombeiros. O mais indicado, se possível, é não perder o animal de vista para que ele seja capturado corretamente, porque com a identificação da cobra o médico vai saber fazer o melhor diagnóstico. Mas o essencial é procurar o atendimento médico o mais rápido possível.
“Quando você não tem o animal causador do acidente, o médico lança mão do quadro clínico. O médico sabe diferenciar. Quando você tem lesão neurológica, isso praticamente fecha o diagnóstico de cascavel, e lesão local com necrose, jararaca. O médico sabe e aplica o soro específico”, explica o médico infectologista Benedito Barraviera, diretor do Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos (CEPAV)
Na região de Marília, as cobras mais encontradas são cascavel, coral e jararaca, todas venenosas. Segundo especialistas, o aparecimento desses animais está ligado ao clima quente da região.
