TELEVISÃO – Há duas semanas, José Luiz Datena, 60 estava tomando café com os colegas de Band na lanchonete da emissora.
Foi aí que o ex-jogador Neto, apresentador da emissora, veio brincando e deu uma espécie de mata-leão em Datena, que já não estava se sentindo legal.
Datena então avisou que estava com falta de ar, pouco antes de desmaiar na frente dos amigos.
O apresentador foi socorrido na emissora, e acordou com todo mundo chorando e dizendo que podia ser o princípio de infarto.
“Pensei: ‘Logo agora, que estou tão feliz, que vou fazer o programa que tanto sonhei. Não posso morrer…”, disse Datena.
Enquanto Neto e o motorista da ambulância choravam (Datena se diverte contando o episódio), ele só pensava no programa e logo percebeu que não estava tendo um infarto coisa nenhuma.
“Quebrei duas costelas na queda, mas minha saúde está boa”, conta. “O pior era todo mundo chorando achando que eu ia morrer”, se diverte.
As costelas ainda doem, mas nada impedirá Datena de estrear o programa “dos seus sonhos”, o dominical “Agora é com Datena”, que entra no ar próximo domingo (25), às 15h, na Band. A atração mistura música, entrevistas polêmicas, conversas com políticos, show de calouros, diversão, jornalismo ao vivo e um game show eletrizante.
Em entrevista, Datena conta do susto que deu nos colegas, da briga com o dono do Ibope, da saída do “Brasil Urgente”, cutuca políticos. Ele ainda fala de Silvio Santos, Faustão e do novo desafio aos domingos.
É muito diferente para você deixar o jornalismo policial e partir para o entretenimento?
Datena – A minha carreira foi muito marcada pelo “Cidade Alerta” e o “Brasil Urgente”. Mas eu comecei no esporte, com humor. Não queria fazer polícia, mas foi o que sobrou para mim. Sempre fui do esporte , coisas que o “Casseta & Planeta” fez depois. Era a antítese do que acabei fazendo no resto da minha carreira. Mas ou eu fazia o jornalismo policial ou eu perdia o emprego (risos). Mas sempre gostei de entretenimento.
Como você vai tratar política no programa?
Como sempre fiz. Eu tenho programa de rádio que eu entrevisto todos os políticos. Todo mundo vai lá falar. Sou filiado, mas nunca tive atividade partidária, fui convidado, mas não saí candidato. O lance é tratar política com verdade. Não vou fazer programa alienado não. Sempre me chamaram de sensacionalista. Eu dizia lá atrás que o crime organizado estava se infiltrando na política. Acho que fui até pouco visionário. Eu estava certo.
Como você vê a dura concorrência que vai enfrentar aos domingos?
As pessoas vão levar um susto ao me ver de forma diferente. Estou me divertindo e quero que todos se divirtam também.
O programa tem quanto tempo de duração?
Seis horas. Não é muito (risos). Eu faço todo dia programa de três horas falando de enchente, ventania. Com conteúdo então, fico até dez horas no ar.
Você proibiu conteúdo de mau gosto no programa?
Pode até ser que dei alguma escorregada com isso ao longo da minha carreira, mas nunca gostei de fazer conteúdo de mau gosto. E não quero isso no programa. Uma das questões que sempre tratei foi de segurança pública, e essa ainda é nossa maior preocupação no país. Uma coisa é segurança pública, outra é conteúdo apelativo.
O que você acha de concorrer aos domingos com Silvio Santos, Rodrigo Faro, Eliana, Faustão?
É uma honra. O Fausto é meu amigo. Como pizza na casa dele. Espero que ele continue me convidando agora. Adoro o Faro, a Eliana, e o Silvio é um mestre. Sabe que ele tentou me levar para o SBT, duas vezes. Quase fui. O patrão não demite você na hora que ele quer? Então, eu demito os patrões! (risos). Cheguei a ir na casa do Silvio, conversamos por horas. Na época eu tinha uma multa de rescisão muito grande. Ele disse que eu deveria chamar “Detran” e não “Datena”, de tanta multa que eu tinha. (risos). Mas a Band acabou me oferecendo uma boa grana, e eu fiquei. Eu com uma caneta na mão sou um perigo. Meu advogado diz que tenho de andar com lápis, que aí assino as coisas e dá para apagar! (risos)
Como você se preparou para o programa?
Tudo o que fiz na vida me preparou para chegar até aqui. Eu sonhava com esse programa… Fiquei chateado que quando sofri agora esse acidente, eu cai, desmaiei…
O que aconteceu?
O Neto (ex-jogador e apresentador da Band) é muito brincalhão. Ele veio por trás e apertou meu pescoço como se fosse me dar um mata-leão. Só que eu estava com falta de ar. Aí caí, desmaiei. Acordei de pernas para o ar com todo mundo me olhando. Quando fui levantar, senti uma dor no peito. O salvamento foi impressionante. O Samu seria melhor… O motorista chorava, o Neto chorava e dizia :”Não me abandona meu irmão, não morra…”, acho que ele estava com medo de ter me matado (risos). Aí entra o médico, e nome do cara era ‘Pinto’. Quando o dr. Pinto entrou eu pensei : “Morri”. Não tive infarto. A dor no peito foi da queda em que quebrei as costelas. Estou tomando remédios para superar a dor das costelas. Mas estou bem de saúde.
O jornalismo ao vivo vai ter espaço no programa?
O Zé Simão diz que sou o Galvão Bueno das enchentes. Se tiver enchente no domingo, coitado do Faustão… (risos) Também adoro o Faro (Rodrigo). O conheci em uma viagem e ele tratou minha família com tanto carinho… Eu fiquei apaixonado por ele, mas acho que minha mulher ficou mais (risos)… E eu sou o bêbado dessa história. Estou entrando no domingo agora. De vez em quando o bêbado acerta um… Estou com a pretensão de fazer o meu trabalho, não quero derrubar ninguém. São meus amigos…Eu tenho muita experiência de apresentar ao vivo…Enchente, então, eu entendo mais que São Pedro (risos). Se acontecer algo importante eu derrubo tudo e entro ao vivo. E os caras vão suar… Já no entretenimento eu não sou melhor que eles…
Se o programa não der certo, você voltaria a fazer o ‘Brasil Urgente’?
Não, não faria mais. Toda a contribuição que eu poderia dar para esse tipo de jornalismo eu já dei. Na vida você tem de ter um plano B, eu já pedi para a Band que se esse programa de domingo não der certo eu quero fazer um ‘talk-show’. Mas há vida além de tudo isso aqui. Se não der certo, não deu. Já me ferrei tanto e estou ainda aqui…Agora, não volto ao ‘Brasil Urgente’, o Joel (filho de Datena) está muito bem lá. Quando meu filho me disse que tinham convidado ele para fazer o programa, eu disse: ‘Não Faz’, não vale a pena. É um conteúdo muito pesado…
Você vai ficar de olho no Ibope?
Sabe que não olho para câmera pois peguei esse costume de olhar para os lados da época em que ficava vendo os monitores no estúdio, enquanto apresentava. Olhava o que cada emissora estava passando no horário, e via o Ibope minuto a minuto. Não confio nesse Ibope minuto a minuto. É um desserviço. Na época do Carlos Augusto Montenegro (presidente do Ibope) então, era pior. Sabe que uma vez quase bati nele? Marcaram um almoço e fui eu e o Kajuru (Jorge) almoçar com o Montenegro. Discuti com ele, brigamos. Quase bati no dono do Ibope. Lembro que ele estava cheio de seguranças, e arrumamos a maior confusão no almoço (risos). Agora parece que ele vendeu essa parte de medição de audiência para a Kantar, né? O Ibope está mais confiável agora, não que não fosse, mas acho que está mais. E eu não quero agora que me encham com esse lance de audiência em tempo real, já avisei no programa. Deu ibope deu, não deu, paciência.