MARÍLIA-SP — A adolescente de 17 anos suspeita de matar o pai, de 51 anos, com uma facada em Marília-SP recebeu alta do hospital na última quinta-feira, dia 24, e foi ouvida pelo Ministério Público no dia seguinte. O caso é acompanhado pela promotoria da Vara da Infância e Juventude.
O crime aconteceu no dia 23 de setembro deste ano e, desde então, a adolescente estava internada na ala psiquiátrica do Hospital das Clínicas.
O dentista Aloisio Ahnert Tassara foi encontrado morto na sala de casa com ferimentos de faca. A filha dele foi localizada logo depois em cima do telhado de uma casa vizinha com uma faca na mão.
Por estar em surto, a jovem foi levada para o hospital. Segundo o advogado da família, Fábio Ricardo Rodrigues dos Santos, ela continua o tratamento ambulatorial em casa.
Em entrevista ao G1 no começo deste mês, o advogado disse que a jovem estava passando por tratamento psiquiátrico e que, provavelmente, ela sofre de esquizofrenia paranoide, apesar de não ter o diagnóstico fechado.
O advogado relatou ainda que no dia do crime, pela manhã, ela deveria passar por uma consulta com um novo psiquiatra.
Investigação
Segundo as investigações, a jovem é tida como a principal suspeita do crime. Ela foi ouvida no último dia 1º de outubro dentro do Hospital das Clínicas pela equipe da Delegacia de Investigações Gerais e teria detalhado o que aconteceu no dia dos fatos.
Após o depoimento o delegado responsável pelo caso, Valdir Tramontini, enviou um relatório à Vara da Infância e Juventude e ao promotor, além de sugerir um exame de sanidade mental na adolescente, para verificar se, na data dos fatos, ela tinha capacidade de discernir sobre os fatos que foram praticados.
Sobre o exame, o advogado afirmou que a defesa vai reforçar a necessidade de realização do procedimento. A partir disso, o promotor de Justiça deverá decidir se arquiva o procedimento ou se faz uma representação contra a adolescente. Segundo Fábio, o exame ainda não foi realizado e não há uma data para isso.
O G1 tentou contato com a promotoria da Infância e Juventude, mas foi informado que o promotor está em viagem e só retorna no dia 5 de novembro.
Exame de corpo de delito
A Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Marília (SP) também afirmou que a mãe da adolescente teve que passar por um exame de corpo de delito após o crime, procedimento que serve para comprovar eventuais lesões no corpo de uma pessoa.
Segundo o delegado responsável pelo caso, a polícia apura um segundo “fato grave” que teria acontecido depois da morte do dentista, mas não revela o ocorrido pois o caso segue em segredo de Justiça. De acordo com o advogado de defesa, a mãe também teria sido agredida pela filha no momento do surto, com mordidas e arranhões.
O delegado conta também que a polícia já ouviu 19 pessoas e que, além do exame de corpo de delito, recebeu outros dois laudos para ajudar nas investigações.
O laudo pericial local, segundo ele, serve para buscar vestígios no local do crime e comprovar a infração, e o exame necroscópico da vítima fatal, para indicar os ferimentos no corpo do cadáver e identificar a causa da morte.
Dinheiro nas roupas da vítima
No dia do crime, a perícia encontrou R$ 2.154,85 no bolso e R$ 16.550 na cueca de Aloísio Ahnert Tassara.
No entanto, o delegado informou que o dinheiro encontrado não tem qualquer relação com o crime, pois segundo familiares e funcionários da vítima, o dentista tinha o costume de guardar o dinheiro do trabalho na cintura, em uma pochete ou saquinhos. “Não era um fato do dia, há mais de ano ele fazia isso, era corriqueiro”, completa o delegado