Morre bebê que tentava cirurgia após família entrar na Justiça e registrar B.O.

Miguel Henrique Souza, de Sorocaba (SP), estava com o coração inchado e não resistiu a um procedimento no Incor, segundo a família. Ele nasceu com deficiências múltiplas e foi diagnosticado com a Síndrome de Edwards.

SOROCABA, SP – O bebê Miguel Henrique Souza, que nasceu com deficiências múltiplas e foi diagnosticado com a Síndrome de Edwards, morreu nesta sexta-feira (4), no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Incor), em São Paulo. A informação foi passada ao G1 pela mãe da criança, Gedália Jovino.

O menino, que completaria dois meses de vida no próximo dia 7, nasceu na Santa Casa de Sorocaba e, desde então, estava internado no hospital. Logo após o parto, a família entrou na Justiça para conseguir que ele passasse por um procedimento cardíaco com urgência. A Prefeitura de Sorocaba e o Estado foram citados. Um boletim de ocorrência também foi registrado por uma suposta omissão.

Ao G1, advogada da família, Cássia Monteiro, informou que Miguel iria passar por uma cirurgia no pulmão, por conta do agravo da situação do estado de saúde, mas ele não resistiu e morreu.

Anteriormente, o Incor disse, em nota, que Miguel estava na Unidade de Terapia Intensiva Cardíaca Neonatal e havia passado por uma série de exames clínicos. No entanto, ele ficaria internado por tempo indeterminado. Ainda em nota, a unidade afirmou que, pela gravidade do estado de saúde, não havia indicação cirúrgica de correção na patologia no coração.

Em nota após a morte, o Incor disse que a causa foi parada cardíaca refratária e que o bebê não resistiu ao procedimento cirúrgico que foi indicado na tentativa de melhorar a condição clínica dele. A cirurgia foi programada com o propósito de adequar o fluxo sanguíneo pulmonar e, consequentemente, melhorar fluxo de sangue no organismo.

Ainda não há informações sobre o velório e enterro do bebê.

Bebê foi transferido para hospital em SP (Foto: Arcílio Neto/ TV TEM)

Luta pela sobrevivência

O procedimento cardíaco pediátrico era apenas um dos que o menino precisava. De acordo com a mãe do bebê, os exames realizados durante a gestação não detectaram qualquer anormalidade no feto.

O menino nasceu com furos no coração, parte de um braço e pernas de diferentes tamanhos. “O que mais me assustou foi que ninguém viu nada disso, muitas coisas poderiam ser feitas se tivesse visto ainda do parto”, desabafou, no primeiro vez de vida de Miguel, em entrevista ao G1.

A empregada doméstica notou que havia algo errado com o filho nos primeiros minutos após o parto.

Batalha jurídica

A família entrou na Justiça e chegou a registrar um boletim de ocorrência contra o poder público. Uma liminar da juíza Erna Thecla Maria Hakvoort, da Vara da infância e Juventude, havia determinado o sequestro de verba pública no valor de R$ 746.491,00 para ser depositada em juízo para a realização da cirurgia no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo.

Com base no sequestro da verba, e impasse da cirurgia e vagas entre o Estado e a prefeitura, a advogada chegou a pedir que o dinheiro fosse depositado diretamente na conta do hospital.

Em outra decisão, a juíza incluiu a Fazenda Pública Estadual na ação e atendeu a um pedido do Ministério Público.

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