Governo de SP anuncia recuo e coloca todo o estado na fase amarela do plano de flexibilização

Seis regiões que estavam na fase verde retornam à amarela a partir de quarta-feira, dia 2 de dezembro. Entretanto, número de casos e taxa de internações em algumas regiões do estado são compatíveis com fase laranja, ainda mais restritiva. Anúncio foi feito menos de 24 horas após as eleições.

João Doria em coletiva de imprensa nesta segunda-feira — Foto: Reprodução/TV Globo

ASSIS-SP — O governo de São Paulo colocou todo o estado na fase amarela do plano de flexibilização econômica. O anúncio foi feito durante coletiva de imprensa no início da tarde desta segunda-feira, dia 30 de novembro. O estado registra 42.095 mortes por Covid-19 e 1,24 milhão de casos confirmados da doença desde o início da pandemia.

A fase amarela no plano de flexibilização é mais restritiva que a verde e limita mais os horários de funcionamento do comércio e serviços, por exemplo. Seis regiões, entre elas a capital paulista, regridem da fase verde para a amarela, já a partir desta segunda. As demais 11 regiões, que já estavam na fase amarela, não avançam e seguem no mesmo estágio. A previsão é a de que o decreto que coloca as regiões na fase amarela seja publicado na terça-feira, dia 1º de dezembro, e a medida comece a valer na quarta-feira, dia 2 de dezembro,.

Além disso, o governo mudou novamente os critérios para a reclassificação. Se tivessem sido mantidos parâmetros anteriores, a Grande São Paulo, que incluiu a capital, teria piora suficiente para migrar para a fase laranja, ainda mais restritiva (leia mais abaixo).

“Com o claro aumento da instabilidade da pandemia, o governo do estado de São Paulo e o Centro de Contingência da Covid-19 decidiram que 100% do estado vai retornar para a fase amarela do Plano SP. Essa medida, quero deixar claro, não fecha comércio, nem bares, nem restaurantes. A fase amarela não fecha atividades econômicas, mas é mais restritiva nas medidas para evitar aglomerações e o aumento do contágio”, disse o governador João Doria (PSDB).

A atualização da reclassificação foi divulgada menos de 24 horas após as eleições municipais e só foi permitida por conta de novas alterações feitas nas regras do plano.

No dia 13 de novembro, Doria gravou um vídeo dizendo que o endurecimento das medidas de combate à pandemia após as eleições eram fake news. “Meu repúdio a mais uma fake news. Não vamos fechar o comércio ou endurecer as medidas de combate à pandemia após as eleições. Mais um absurdo que estão inventando”, disse em sua conta no Twitter.

O que muda no retrocesso da fase verde para amarela

  • Eventos com público em pé passam a ser proibidos;
  • Ocupação máxima de Shopping centers, galerias, comércio e serviços passa de 60% para 40% da capacidade e o horário de funcionamento passa a ser reduzido de 12 para 10 horas por dia;
  • Ocupação máxima de restaurantes ou bares para consumo local passa de 60% para 40% e o horário de funcionamento será restrito a 10 horas por dia e até as 22 horas.
  • Ocupação máxima de salões e barbearias passa de 60% para 40% da capacidade e o horário de funcionamento passa a ser reduzido de 12 para 10 horas por dia;
  • Eventos, convenções e atividades terão sua capacidade máxima limitada de 60% para 40%, o controle de acesso é obrigatório, assim como hora e assentos marcados.
  • Academias de esporte de todas as modalidades e centros de ginástica terão capacidade de ocupação máxima limitada de 60% para 40% do local e o horário reduzido de 12 para 10 horas;

De acordo com o Plano São Paulo, cinemas, teatros e museus podem permanecer abertos na fase amarela. No entanto, as prefeituras têm autonomia para decidir o que e quando deve reabrir. Na capital paulista, o prefeito Bruno Covas (PSDB) determinou que a abertura dos setores da cultura só ocorreria quando a cidade estivesse na fase verde.

Na fase amarela é permitida a abertura de instituições de ensino públicas e privadas do estado. Portanto, as escolas permanecerão em funcionamento.

“Essa mudança para a fase amarela não altera a programação de volta as aulas e as escolas não serão fechadas”, disse Doria.

O governador também anunciou que o tempo de análise de dados deixará de ser a cada 28 dias e passará a ser a cada 7 dias. No entanto, a próxima reclassificação ordinária está agendada para o dia 4 de janeiro. Segundo o governo, só haverá reclassificação semanal em caso de piora, e não de avanço.

“O centro de contingência decidiu também diminuir o tempo de análise de dados de 28 em 28 dias, para 7 em 7 dias, como já fez anteriormente. É uma medida de prudência que estamos tomando para retomar o controle da pandemia”, disse Doria.

Aumento nas taxas de internação
O governador João Doria (PSDB) anunciou também que fará uma reunião na terça-feira (1) com 62 prefeitos de cidades que apresentaram elevação nas taxas de internação e ocupação de leitos no estado de São Paulo.

“Amanhã, às 16 horas, o governo fará uma reunião virtual com 62 prefeitos de 62 cidades que apresentaram elevação nas taxas de internação e ocupação de leitos, com objetivo de melhorar o controle da pandemia neste municípios e oferecer a eles, se necessário, apoio para que possam proceder com as orientações do governo do estado”, disse Doria.

Embora os hospitais particulares já alertassem para o aumento das internações por Covid-19, o governo estadual só admitiu no dia 16 de novembro um aumento de 18%. Nesta segunda, a secretária do Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen, afirmou que houve novo aumento na última semana.

“Nós registramos na semana [epidemiológica] 46 [de 8 a 14 de novembro] um aumento de internações de 18%. Na semana 47, que foi a semana retrasada, o aumento de internações de 17%. Na última semana, o aumento de 7%. Ainda que seja um aumento que não seja tão drástico, nem de perto do que está acontecendo na Europa, é um aumento. Esse aumento nos traz a necessidade de voltar a aplicar as regras do período de estabilidade da pandemia por segurança”, afirmou.

Na semana passada, o comitê de saúde do governo já havia recomendado aumento nas restrições de circulação no estado para combater o avanço do coronavírus. Apesar do alerta, a decisão foi postergada para ser feita somente após o segundo turno das eleições municipais.

Se tivessem sido mantidas as regras anteriores do Plano São Paulo, a capital e os municípios da Grande São Paulo teriam até este domingo, dia 29 de novembro, índices da pandemia compatíveis com a fase laranja do plano, graças à piora principalmente das internações. Os dados foram calculados pela produção da TV Globo a partir das regras oficiais do Plano SP, que estavam em vigor até a última reclassificação, no dia 10 de outubro.

Nesta segunda, no entanto, a nova mudança para análise dos critérios a cada sete dias, e não mais a cada 28, permitiu que todo o estado fosse classificado na fase amarela.

Mesmo com as permissões estaduais, a Prefeitura de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, já havia decido na sexta-feira (27) endurecer as regras para setores de comércio e serviços a partir desta segunda-feira (30). A cidade registra quase 70% de ocupação de leitos de UTI para a Covid-19 e as mudanças foram tomadas pela gestão municipal para conter avanço da doença.

Na tarde desta segunda, o Consórcio do Grande ABC, que inclui prefeitos das cidades de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra também anunciou que adotará medidas mais restritas que as permitidas na fase amarela. Entre elas estão o fechamento de cinemas e teatros e cancelamento de esportes coletivos em clubes.

Mortos e casos
Nesta segunda-feira (30), o estado de São Paulo chegou a 42.095 mortes por Covid-19 e 1,24 milhão de casos confirmados da doença desde o início da pandemia. A média móvel diária de mortes é de 117, e de casos, 4.433.

A taxa de ocupação dos leitos de UTI para Covid-19 voltou a subir e está em 59,1% na Grande São Paulo e 52,2% no estado, considerando toda a rede de hospitais. O estado não registrava ocupação acima de 50% nas UTIs desde setembro.

O número total de pacientes internados com suspeita ou confirmação da doença é de 9.689 nesta segunda, sendo 5.548 em enfermaria e 4.141 em UTI. Nos últimos sete dias, o estado voltou a ter valor acima de 9 mil, o que não era observado desde outubro.

Plano SP
A reclassificação das regiões do estado de São Paulo no plano de reabertura da economia durante a pandemia do coronavírus estava prevista para acontecer no dia 16 de novembro, mas foi adiada para esta segunda-feira (30).

À época, a gestão estadual justificou a mudança no apagão de dados que gerou instabilidade do sistema Sivep-Gripe do Ministério da Saúde no dia 5 de novembro.

Na ocasião, o governo do estado de São Paulo chegou a ficar cinco dias sem atualizar os dados da Covid-19.

O Plano São Paulo regulamenta a quarentena em todo o estado, classifica as regiões do estado em cores, determinando quais locais podem avançar nas medidas de reabertura da economia. Os critérios que baseiam a classificação das regiões, são:

  • Ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTIs);
  • Total de leitos por 100 mil habitantes;
  • Variação de novas internações, em comparação com a semana anterior;
  • Variação de novos casos confirmados, em comparação com a semana anterior;
  • Variação de novos óbitos confirmados, em comparação com a semana anterior.
  • Na fase verde também é considerado óbitos e casos para cada 100 mil habitantes.
  • Regiões que atingirem as fases 3 (Amarela) ou 4 (Verde) permanecerão nessas fases desde que tenham indicadores semanais inferiores a 40 internações por Covid-19 a cada 100 mil habitantes e 5 mortes a cada 100 mil habitantes.

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